A segurança para uso de veículos deve ser inegociável e no transporte corporativo, que tem a missão diária de levar os colaboradores ao seu trabalho, não deve ser diferente.
Em uma empresa que se empenha na gestão de fretado de forma eficiente, a segurança e prevenção deve ser considerada uma prioridade absoluta, mostrando aos clientes sua importância detalhada e socialmente como as pessoas podem se conscientizar para prevenir situações delicadas ou de acidentes.
Para entender estas questões, convidamos nosso Coordenador de Segurança e Prevenção no Fretadão, Gustavo Silva, que concedeu uma entrevista aprofundada sobre o tema.
Carreira
Fretadão (F): Poderia se apresentar e comentar um pouquinho sobre sua trajetória profissional na área de segurança e prevenção?
Gustavo Silva (G.S): Iniciei dentro da área de segurança aos 16 anos, ainda como menor aprendiz, já na área de segurança. Então, eu tive grandes tutores que me inspiraram a olhar para a segurança como um valor. Essas pessoas, de fato, contribuíram para que os funcionários voltassem às suas casas sem nenhum tipo de lesão, mantendo a integridade física.
Existia um propósito para que nós seguíssemos à frente no cuidado com as pessoas que é, inclusive, um dos valores que a gente tem dentro do Fretadão.
Com 18 anos eu era formado em técnico de segurança e entrei numa multinacional voltada ao ramo da logística na área de transportes, que também era focada em passageiros. Foram seis anos de atuação nesta companhia, onde atuei em grandes projetos para a área de segurança.
Tenho experiência na área de segurança de transporte rodoviário de passageiros no qual atuei em outra grande empresa, durante dois anos. Além de também ter sido consultor em um dos maiores grupos de transporte rodoviário no Brasil hoje, no qual implantei o sistema de segurança do trânsito.
Ferramentas, segurança e prevenção
F- Como as empresas podem criar ações de saúde e segurança e compartilhar com os colaboradores?
G.S- O primeiro passo que as empresas devem fazer é uma espécie de diagnóstico. Hoje, existem no mercado algumas ferramentas que nos auxiliam em relação a isso.
Por exemplo, existe o simulador da ISO 39001, que é do programa de segurança viária, desenvolvido pela Volvo. Ele é uma das formas de a gente fazer um diagnóstico em relação à empresa, observar se ela está no estado reativo, se ela tem ações mais voltadas à prevenção e também ações proativas em relação à segurança viária.
Uma outra ferramenta que pode ser utilizada para fazer o diagnóstico em relação aos aspectos de saúde e segurança é a curva de Bradley. Ele foi um engenheiro de produção que identificou algumas situações nas quais existiam comportamentos que determinadas organizações ou funcionários faziam e que poderiam desenvolver acidentes. A partir disso, ele desenhou uma curva, definida em fases.
Das fases, destaco o estágio reativo - que só reage às ocorrências e acidentes; independente - quando as ações relacionadas à segurança ocorrem, os colaboradores já tem uma visão e responsabilidade da importância destas ações, mas ainda há ocorrências; e o interdependente- no qual a organização como um todo analisam e criam ações de segurança como treinamentos mais específicos, campanhas específicas, comunicações bem detalhadas, de acordo com o diagnóstico e as fraquezas que a empresa.
F- Falando em mobilidade e gestão de fretado, quais são os requisitos legais que são importantes para a área de segurança?
G.S- Isto é algo bem complexo, porque são inúmeros os requisitos necessários para poder operar com segurança no transporte de passageiros. Mas, posso citar alguns deles, por exemplo:
A Resolução 168, que diz respeito ao curso de transporte coletivo de passageiros, é algo obrigatório para o ramo.
Existe o cumprimento legal com a Lei nº 1.303, que diz respeito às horas trabalhadas e à jornada de descanso dos motoristas. Existe a Lei do Conama nº 92, que diz respeito ao disco de tacógrafos, às obrigações, entre outros requisitos que são exigidos para a questão de segurança.
F- E no Brasil, o que é considerado obrigatório?
G.S- O transporte tem que estar regular, então existem algumas autorizações, sejam elas municipais, intermunicipais, interestaduais ou até mesmo internacionais.
Também são obrigatórios os certificados de licenciamento daquele veículo para que ele esteja em ordem. Os certificados do cronotacógrafo também devem estar validados pelo Inmetro.
Existem outras situações como obrigatórias, como cinto de segurança, extintores de incêndio, saídas de emergência, que fazem parte desse contexto como um todo, como obrigatoriedade, e além de muitos outros para poder cumprir esse requisito.
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F- O que é a ISO e por que a ISO 39001 é tão importante para a área de segurança?
G.S- A ISO, se a gente levar ao pé da letra, o significado dela significa igual, ou seja, igual a um padrão.
Então, quando a gente fala ISO 39.001, ela é um padrão, uma norma internacional que determina os padrões de segurança viária, essa norma surgiu para trazer requisitos para que as empresas, os órgãos públicos, adotem ações para poder evitar mortes e lesões no trânsito.
Então, hoje, nos baseamos em cima desses requisitos dentro da ISO, estabelecemos cinco pilares de acordo com a ONU e a OMS, porque questões de segurança de acidentes envolvendo pessoas e lesões é uma situação de saúde também que reflete as nossas políticas públicas.
F- Quais requisitos são estes?
G.S- Eles são estabelecidos em cinco pilares, baseados dentro da ONU e da OMS. O primeiro pilar que a gente fala é um pouquinho sobre gestão da segurança viária como um todo.
O segundo pilar são vias e mobilidade mais seguras. O terceiro pilar a gente fala sobre veículos mais seguros.
O quarto pilar a gente fala sobre a conscientização dos usuários, seja ele motorista, os passageiros. E o quinto pilar a gente diz respeito às respostas em emergência.
Quando acontece algo, a gente também precisa responder o quanto antes, porque uma vítima acidentada quando é socorrida de forma mais rápida, pode resultar no salvamento da vida dela.
F- Sobre comportamento e segurança. Existe algum marco dentro da segurança viária que a gente possa destacar?
G.S- Existem, existem vários. Mas, falando especificamente do fretado ou de ônibus, a gente tinha lá aqueles veículos mais antigos que eram carregados as malas no bagageiro, em cima do veículo. Hoje em dia os bagageiros são internos.
Antigamente, os veículos eram abertos de forma manual. Existiam umas manivelas para poder fazer a abertura da porta.Hoje em dia, são pneumáticos.
Também existem algumas resoluções e até algumas questões de fabricantes de anti-intrusão, que são veículos mais baixos para evitar colisões traseiras.
F- Ainda neste contexto de mudanças, quais evoluções você percebe dentro do fretamento contínuo?
G.S- Houveram algumas mudanças significativas, por exemplo, o uso agora da tecnologia embarcada tem sido um marco bem significativo, pois as empresas têm investido nesse tipo de tecnologia para poder ajudar no desenvolvimento dos motoristas, redução de consumo de combustível, entre outros.
Tivemos também mais incentivo para tecnologias na gestão de fretado também, nos planejamentos de rotas que têm sido empregadas, fazendo com que as rotas sejam cada mês mais otimizadas e o consumo de combustível seja mais eficiente.
Outras questões que a gente pode citar são as políticas públicas. Hoje, por exemplo, a gente percebe alguns veículos sendo inseridos como veículos elétricos e híbridos, que estão fazendo uma grande diferença em relação à poluição, seja ela sonora ou até mesmo em relação ao meio ambiente.
Outro ponto, são os treinamentos contínuos que têm sido empregados pelas empresas e também pelos órgãos nacionais, como a Resolução 168 que eu mencionei há pouco, que é algo obrigatório hoje para os motoristas de transporte rodoviário.
Curiosidades
F- Uma curiosidade, quando a gente busca termos sobre mobilidade, aparece o cronotacógrafo. Afinal, o que ele é e por qual motivo é importante?
G.S- O cronotacógrafo é um equipamento, um dispositivo que foi desenvolvido justamente para poder medir a velocidade que um veículo está desempenhando, a distância e também a quantidade de horas que ele está desempenhando.
O padrão normal de um equipamento de tacógrafo, ele é como se fosse um CD, um display de CD que o dispositivo é ejetado, então o motorista coloca um disco, que se chama de disco de tacógrafo.
Ele é um disco carbonado, onde após a inserção dele existe uma agulha que vai fazendo essas medições, medindo a velocidade com que o veículo estava executando, a distância que ele percorreu e também o tempo de execução daquela situação.
Ele foi criado lá no início do século justamente para poder atender as questões das ferrovias, então era utilizado em trens e ele foi adotado aqui para o transporte, para poder atender essa necessidade principalmente, para poder mensurar e medir as horas trabalhadas dos motoristas, evitando que eles excedam a lei 13.103, por exemplo, de cargas horárias.
E também em situações de acidente é possível, os órgãos competentes, fazer a extração daquele disco e ver se aquele motorista estava excedendo a velocidade, se ele estava em sobrecarga de trabalho. Então, ele é muito utilizado hoje no ramo de transporte de passageiros.
F- Outra curiosidade também que acaba ocorrendo é o significado da telemetria, poderia comentar sobre ela?
G.S- Fazendo uma analogia à palavra telemetria, temos algumas palavras em comum no nosso cotidiano. Televisão, telemedicina, que significa telemedicina, por exemplo, a medicina de forma remota. A telemetria também nos dá esses indicadores de evento, remotamente.
Então, telemetria é uma tecnologia que permite o monitoramento, de forma remota. Através dela é possível a gente fazer as medições do veículo, se ele está em excesso de velocidade, se ele tem alguma aceleração brusca, frenagens bruscas ou curvas bruscas.
Conscientização Contínua e o Futuro da Área
F- Quais são as ações que os motoristas e passageiros podem fazer para prevenir acidentes?
G.S- Falando dos motoristas, por exemplo, o primeiro passo é que eles tenham uma consciência do trânsito seguro. Uma boa qualidade do sono pode ser algo extremamente importante para uma condução segura, evitando fadigas, cansaços, fazendo as pausas e os descansos regulares.
Também é importante evitar bebida alcoólica, respeitar os limites de velocidade das vias, manter uma distância segura do veículo da frente, fazer o checklist de inspeção de segurança do veículo, são simples atos que podem fazer toda a diferença.
Já os passageiros, além do cinto de segurança podem auxiliar na condução do motorista, evitando conversas e sendo educado e gentil.
F- Como as empresas de transporte estão evoluindo em relação à segurança e proteção?
G.S- Bom, temos percebido uma grande evolução em relação a automação, inteligência artificial e big data para poder analisar os comportamentos desses motoristas. Algumas grandes empresas têm investido bastante em programas como Medicina do Sono para poder cuidar da qualidade desses motoristas.
F- O que você diria para uma empresa que utiliza transporte fretado, mas não acompanha, exige ou realiza medidas de segurança ou investe na gestão de fretado?
G.S- Diria que ela está colocando em risco a sua operação, seus negócios e funcionários. Hoje, as empresas têm uma grande oportunidade de buscar uma gestão completa que realize o acompanhamento da operação, incluindo a segurança e o Fretadão está aqui para elas.
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