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Antes mesmo da pandemia, já era possível ver números que apontavam o crescimento do podcast. Nos últimos anos, o formato explodiu de vez. 


Basta uma volta rápida por qualquer rua um pouco mais movimentada para constatar: os fones de ouvido têm sido companheiros cada vez mais próximos das pessoas por aí. Faz sentido: em uma época em que smartphones e internet móvel permitem um grau de acesso a entretenimento inimaginável há pouco tempo, o conteúdo em áudio vira uma escolha óbvia. E as chances de esses fones de ouvido no seu campo de visão estarem reproduzindo um podcast qualquer são boas.

O formato já vinha conquistando público mesmo antes da pandemia, com produções sobre temas dos mais variados gostos. Ao longo dos últimos dois anos, o podcast acabou explodindo de vez.

O que pode explicar tamanho sucesso? Qual foi o impacto da pandemia nessa história? Quais são os números que mostram esse crescimento? E de onde veio tudo isso? As respostas destas perguntas estão ao longo deste texto.

 

O que é podcast, afinal?

Se você ainda faz parte da turma que não está tão familiarizada assim, tudo bem. Agora é a hora de entender de uma vez por todas o que é isso que tanto vem ganhando os ouvidos e as atenções dos brasileiros nos últimos tempos.

Sabe aquele papo de que o podcast é como se fosse um programa de rádio, só que disponível na internet e sob demanda? É mais ou menos por aí mesmo. São conteúdos de áudio que podem ser ouvidos onde e quando você bem entender. Basta acessar o episódio que quiser em plataformas de streaming.

Apesar de tudo isso parecer novo, já faz quase 20 anos que o termo “podcast” nasceu. Isso aconteceu em 2004, em um artigo que o futurólogo Ben Hammersley escreveu para o jornal inglês “The Guardian”. No texto, ele argumentava que havia um potencial grande de uma “explosão do rádio amador” nos meses que estavam por vir.

A base para essa crença era de que os elementos para fazer isso acontecer já podiam ser observados: a popularidade dos blogs, softwares de produção de conteúdo em áudio cada vez mais acessíveis e o crescimento no consumo de tocadores de MP3, como o iPod.

Postos os motivos, veio o questionamento: “Mas como vamos chamar isso? Audioblogging? Podcasting? Guerilla Media?”

O resto é história. Sabemos muito bem como o mundo passou a chamar esse tipo de produção de conteúdo em áudio.

O crescimento do podcast no Brasil

Num mundo ainda pré-pandemia, os podcasts já vinham ganhando os corações (e os ouvidos) das pessoas. Principalmente de quem buscava aproveitar de alguma maneira os inevitáveis deslocamentos do dia a dia.

Em 2019, uma pesquisa feita pelo Ibope apontou que, dos cerca de 120 milhões de brasileiros com acesso à internet, aproximadamente 50 milhões já tinham escutado algum programa de podcast na vida. O que representava uma marca expressiva de 40%.

Por outro lado, esse mesmo estudo identificou que 32% desses internautas nem sabiam o que é um podcast. O significado desse número era claro: ainda havia uma margem considerável para o formato continuar crescendo no Brasil.

Foi justamente isso o que acabou acontecendo com a pandemia. De acordo com uma pesquisa realizada pela Globo em parceria com o Ibope, 57% dos entrevistados começaram a ouvir podcasts a partir do momento em que o coronavírus apareceu para mudar a rotina das pessoas.

Em um primeiro momento, chega a ser curioso pensar que o podcast alcançou ainda mais pessoas durante uma fase em que a maior parte delas parou de se deslocar para o trabalho todos os dias. Mas esse mesmo estudo feito por Globo e Ibope levanta algumas outras informações que ajudam a entender melhor o que houve.

Se o trânsito saiu de cena, as tarefas domésticas, os momentos na cama antes de dormir e até mesmo as horas de trabalho e estudo em frente ao computador passaram a ter os podcasts como trilha sonora.

Vale apontar também que esse fenômeno não ocorre apenas por aqui. “O número de pessoas que consomem podcasts tem crescido rapidamente no mundo todo”, observou disse Kintan Brahmbhatt, diretor de podcasts da Amazon Music. “Nos Estados Unidos, por exemplo, estima-se que 80 milhões de pessoas ouvem podcasts toda semana.”

Podcast: gravar o próprio programa nunca foi tão fácil

Por que os podcasts fazem tanto sucesso?

O fato de poderem ser ouvidos a qualquer hora e em qualquer lugar, ainda mais como acompanhamento para diversas atividades do dia a dia, joga bastante a favor dos podcasts. Toda essa praticidade é uma resposta óbvia quando se começa a pensar nos motivos por trás dessa popularidade toda ao redor do mundo.

A diversidade de assuntos também ajuda demais. Não chega a ser um grande exagero dizer que há podcasts para praticamente todos os gostos. Independentemente do assunto que tiver interesse em consumir, por mais específico que seja, é bem provável que já exista conteúdo sobre isso. E aí a consequência é óbvia: com um leque de opções tão vasto, é mais fácil alcançar tantas pessoas.

O cansaço das telas também vale a pena ser mencionado. Em meio a tantas reuniões virtuais e horas seguidas encarando o computador durante o expediente, ouvir um conteúdo em áudio torna-se imediatamente uma alternativa sedutora para quem sentir a necessidade de dar um descanso aos olhos.

Mas existe um outro fator extremamente relevante neste sucesso cada vez mais frequente dos podcasts. Um que, de certa maneira, liga essa explosão de ouvintes em tempos de pandemia ao cenário de apreço que já se observava antes mesmo de o coronavírus aparecer: a sensação de proximidade com conteúdo e com quem o produz.

E aí vale trazer para a conversa o depoimento do neurocientista Jack Gallant a uma matéria que a revista britânica Glamour fez recentemente sobre podcasts e comportamento.

“Ouvir podcasts não é uma atividade passiva. É algo que faz seu cérebro trabalhar. A ideia de tê-lo engajado ao prestar atenção à discussão pode servir como uma grande ferramenta de distração. Isso ajuda a pessoa a se manter ativa e faz com que seja mais difícil ela ser arrastada para lugares mais sombrios”, disse Gallant.

O podcast do Fretadão

Não é só para quem consome o formato que o podcast é extremamente acessível. Isso se traduz também para quem está do outro lado, produzindo conteúdo. Lembra daquela previsão do futurólogo Ben Hammersley, lá em 2004, sobre a “explosão do rádio amador”? A que levou ao nascimento do termo “podcast”? Pois é. Na verdade, a coisa hoje é ainda mais fácil do que ele imaginou.

Teve uma ideia e sente que tem algo a transmitir para as pessoas em áudio? Ótimo. Gravar essa conversa e disponibilizá-la em streamings não requer estúdios de última geração, equipamentos caríssimos ou qualquer outro grande esforço tecnológico. Dá para fazer tudo sozinho mesmo, no próprio computador, utilizando programas gratuitos.

Aqui no Fretadão, nós também temos um podcast. Chama-se “Fredcast”. O conteúdo por lá são conversas que temos dentro da nossa equipe de tempos em tempos e que entendemos fazer sentido compartilhá-las por ser também de interesse do público em geral.

O episódio publicado mais recentemente tem como título: “Mulheres na liderança, maternidade e ambientes majoritariamente masculinos”. No bate-papo, algumas das nossas Fretonautas contaram um pouco sobre os desafios de carreira e de vida que tiveram de enfrentar até hoje.

Para ouvir esse e qualquer um dos outros episódios que já foram publicados até hoje, basta procurar pelo “Fredcast” no seu agregador de podcast favorito. Aí é só escolher qual você deseja escutar e dar o play.