Mudanças no Bilhete Único Vale-transporte em SP impactarão 120 mil pessoas e aumentarão consideravelmente custos das empresas.
Uma nova regra de uso do vale-transporte foi estabelecida pela Prefeitura da cidade de São Paulo.
O Bilhete Único na modalidade vale-transporte que antes permitia até quatro embarques no período de duas horas, agora permite apenas dois embarques em até três horas.
Segundo a G1 Globo, mais de 1,5 milhão de pessoas usam o vale-transporte na cidade de São Paulo.
Mais de 120 mil passageiros fazem mais de duas viagens com o vale-transporte, conforme a SPTrans e serão impactadas pela mudança.
Além disso, o valor da tarifa da passagem de ônibus com o cartão vale-transporte também foi alterado de R$4,30 para R$4,57, e integração ônibus e metrô de R$7,48 para R$7,95.
A decisão foi decretada pelo prefeito de São Paulo, Bruno Covas, no início deste ano de 2019. Mas, várias liminares foram geradas pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e a Defensoria Pública do Ministério Público Federal (MP) para tentar impedir a Prefeitura de São Paulo de realizar essas alterações.
No entanto, por determinação do presidente do STJ, ministro João Otávio de Noronha, a demanda da Prefeitura que pedia a suspensão dessas liminares foi acolhida, fazendo com que todas as alterações entrassem em vigor a partir do dia 19 de Agosto de 2019 sem aviso prévio.
A Prefeitura de São Paulo declara que a diferença do valor não irá atingir o bolso do trabalhador, já que o vale-transporte é uma obrigação da empresa aos seus funcionários e ele será pago por elas. Mas, será que é tão simples assim?
Se analisarmos um pouco mais afundo, essa mudança no Bilhete Único acarretará em consequências direta ou indiretamente não só às empresas, mas também a população em geral. Veja algumas delas abaixo:
Como dissemos acima, para todos os trabalhadores que fazem mais de 2 embarques em cada viagem de seu trajeto casa-trabalho e vice-versa, a empresa terá que arcar com mais uma tarifa.
Fizemos um comparativo de valores para demonstrar o impacto desse valor. Continue lendo para saber mais.
Quer saber se sua empresa pode reduzir custos com transporte de colaboradores?
Vamos bater um papo!
Segundo economistas, com o aumento de custos com vale-transporte no caixa das empresas, elas poderão não oferecer novas oportunidades de emprego ou se fizerem dar preferência apenas as pessoas que moram mais perto e que se enquadrem nas novas regras de integração.
Isso pode acontecer não apenas em novas contratações, mas também com a troca de trabalhadores atuais por outros que custarão menos, penalizando pessoas que residem mais longe.
Podemos ver claramente através do mapa de São Paulo abaixo elaborado com base nos dados coletados pelo IBGE que as regiões da cidade possuem concentração de classes sociais.
A empresa que optar por trabalhadores que residem mais próximo da sua localização e/ou que necessite somente 2 conduções para se locomoverem até o local corporativo poderá diminuir a diversidade no seu quadro de funcionários, limitando diferentes tipos de opiniões, experiências e conhecimento.
Tanto a empresa quanto o trabalhador poderão ser penalizados com a nova regra de integração.
Como vimos, não é difícil encontrar pessoas que precisam de mais de 2 conduções para ir até o seu trabalho, afinal mais de 120 mil pessoas passam por isso diariamente.
Por exemplo, um trabalhador que realiza um trajeto de Itaim Paulista até a Vila Olímpia, pode facilmente precisar embarcar em um ônibus para ir até a estação de metrô/trem, fazer uma integração e ao descer na estação próxima à Vila Olímpia precisar pegar outra condução para chegar próximo ao local da sua empresa. Assim 3 embarques pagos seriam necessários.
Abaixo fizemos um comparativo de valores nesse cenário para exemplificar o impacto financeiro no bolso do empregador. Consideramos as novas tarifas vigentes, confira:
Como seria SEM as novas regras de integrações:
Valores
Ônibus até o metrô: R$4,57
+ Integração metrô: R$3,38
+ 1 ônibus até o local da empresa: R$0,00
= R$7,95 por viagem
= R$15,90 por dia
= R$349,80 por mês
No período de 1 ano o valor necessário para o transporte desse trabalhador seria de R$4.197,60
Como será COM as novas regras:
Ônibus até metrô: R$4,57
+ Integração metrô: R$3,38
+ 1 ônibus até o local da empresa: R$4,57
= R$12,52 por viagem
= R$25,04 por dia
= R$550,88 por mês
Em 1 ano o valor necessário para o transporte desse trabalhador seria de R$6.610,56
Ou seja, a diferença do valor é de R$2.412,96.
Agora, imagine um cenário com pelo menos 10 colaboradores em uma mesma empresa com essas condições de transporte, em um ano o custo financeiro total a mais seria de R$24.129,60.
Cortar funcionários não é a melhor solução para evitar esses custos, optar por apenas os que se encaixam dentro das novas regras também não.
Em uma cidade onde grande parte das oportunidades de emprego estão concentradas nas regiões centrais e as pessoas estão morando cada vez mais distante dessas regiões, é inviável deixar de manter um funcionário ou não contratar um candidato só porque o mesmo reside longe da empresa.
Dessa forma, pessoas competentes e qualificadas que agregarão novos pontos de vista, criatividade e inovação serão perdidas no ambiente corporativo, além de atingir negativamente a economia brasileira.
Para lidar com essa situação é necessário que cada empresa olhe para os seus custos gerais, faça um mapeamento e tome ações que equilibre as contas. É preciso buscar alternativas que unam economia, oportunidade a candidatos ideais ou reter talentos, independente de sua localização na grande metrópole.
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